segunda-feira, outubro 09, 2006

A MEUS FILHOS

A MEUS FILHOS




Eu lhes deixei
O sopro, o pão e o teto.
O ninho!

E o que pude inventar como carinho.

Mas eu queria
Deixar-lhes, também, um pouco de poesia...

E que, ao lado de seus próprios filhos,
Pudessem falar de uma avó meio engraçada.
- Na verdade, um pouco triste -
Mas que, de dedo em riste,
Era capaz de palavrão e gargalhada!
E de frases bonitas, aos milhares.

Que falava dos pais, avós e tios
E assim lembrava as teias familiares
Que nos fazem eternos.

E falava de Deus
Essa avó que queria
Deixar-lhes, também, um pouco de poesia.


(ZSF/SP - 2000)

MEU MEDO

MEU MEDO



Ah!
Poder assumir minha forma
De passarinho assustado!
E encontrar uma beira
À frente de um vitral colorido e belo!...

E não me importar que me vejam
Toda encolhida e desconfiada
A me curvar ante luzes e neblina.

Ah!
Poder dizer também que tenho medo
E também perguntar
“POR QUE ME DESAMPARASTE " ?

Sem pensar em tudo que já fiz
E me sobrecarrega a memória!
Em tudo aquilo que eu quis e me pesa no peito!

Porque hoje quero estar quieta,
Sem perigo de ferir-me,
Ao abrigo dos sons e da fúria
(Que já enfrentei até sem saber.)

Por favor,
Hoje me deixem ficar
Encolhida junto a um vitral!

( ZSF/ 13/02/1986 - 2002)