terça-feira, novembro 01, 2005

Epílogo

EPÍLOGO


(Certo que... Incerto quando...)


Quero morrer
Num momento indeterminado de um dia qualquer.
Que haja lua no céu e estrelas a se namorarem.
Ou que o sol, sobre as calçadas, atire moedas
Por entre as folhas das árvores:
- Só não quero que esteja chovendo!

Quero ouvir gritos de crianças entusiasmadas,
Brigando, brincando, vivendo...
Quero ouvir uma dona de casa feliz,
Cantando um samba.
Quero que em volta de mim não haja fome,
Nem desagasalho;
Não haja guerra, nem rumor de guerra;
Não haja prantos, nem da natureza.
Quero que sobre a vida paire
A promessa de uma continuação harmoniosa
De equilíbrio e paz!

E a minha morte será, apenas,
A fixação de um momento perfeito!


(ZSF/SP-abril/1961)