segunda-feira, março 24, 2008

AUSÊNCIA

AUSÊNCIA


Não estava lá. Ela não estava.
No silêncio, nem sequer
O roçar de asas de pássaro ou de anjo.
Ou uma voz de mulher.
Para jamais.
O ar rarefeito e turvo
Fez as árvores ficarem tontas.
E os olhos se perderam dos pardais.
Porque ela não estava mais.
Era a imobilidade sob cúpulas de cristais
Trincados?
E todos os passos eram negados
E a voz não era necessária, mais.
O corpo se tornara leve
Como se também não estivesse mais,
Em breve.
Mas ainda era apenas ela
Que não estava mais.
Talvez um nome para a dor da ausência
Pudesse ser âncora e amarra
Para o corpo silente, surdo, imóvel, leve demais,
Que, talvez, quase soubesse
Que também não mais queria
Estar mais.
Saudade ainda não bastava
Para explicar o vazio!
Um nome! Um nome para o absurdo irremediável
E seria, talvez, mais suportável
Saber
Que ela não estava mais.


ZSF/ SP-22/07/2004