segunda-feira, março 26, 2007

EU LHE TROUXE UMA FORTUNA

EU LHE TROUXE UMA FORTUNA!
(A uns amigos reticentes...)



Era alegria, afeto, busca e descoberta
Que eu quis dividir com você.
Tudo que não tem preço, de tão caro
Ah! Santo que desconfiou tanto
Que eu pude compreender
O valor do que eu trouxe!
Então não era uma pequena esmola, não!
Uma parte você pegou, pensando que roubava.
Depois,
Foi derrubando cadeiras à minha frente,
Disfarçada, ou descaradamente,
Inconsciente ou não.
O suficiente
Para manter-me à distância de você.
Primeiro eu chorei a rejeição e a distância.
Depois eu chorei pelo meu próprio valor que quase atraiçoei.
E, daí, me lembrei que, no infinito,
As distâncias são relativas:
Qual o ponto de referência para a minha mágoa?
Longe de você estou mais perto do que?
E você?
Nem mesmo se orgulhe de ser bom ladrão.
Você não soube roubar.
Eu perdi uma parte de mim, sim!
Mas o que ficou com você -- fui eu quem quis dar!
Uma fortuna!

(ZSF/SP - 1986)