segunda-feira, janeiro 15, 2007

DESAFIO ÁS RUGAS

DESAFIO ÀS RUGAS



Ora, aqui estão as rugas do meu rosto!
Afinal chegaram!
Entraram sem bater e se instalaram
À inteira revelia do meu querer!
Não vou tratá-las como amigas, não.
(Não são!)
Algumas, se eu tiver sorte,
Pretendo eliminar
Como aos antigos portadores de notícias más.
(Pois rugas falam pelo Tempo e pela Morte.)
Nem vou mentir que me orgulho
Da derrota que me impõem,
Porque as definitivas vitórias serão suas!
Minhas rugas...
Mas preciso aprender
A não ser
Também inimiga do campo da sua conquista:
O meu corpo... a minha alma!
Que eu por inteira seja vista,
Sem me ocultar.
Saberei levá-las pelas ruas
Sob qualquer olhar,
Ante todos os espelhos!
E será como se elas houvessem estado
Sempre comigo: e não me conquistado.
(Terei, ao menos, desmoralizado
A sua vitória.)
E ninguém mais dirá: " Para você o tempo não passa”.
Passa!
Que não me ofenda a negativa.
E, enquanto eu for viva,
Só vou querer, agora,
Receber e aceitar o epíteto
"SENHORA”!

(ZSF-SP/1988)