segunda-feira, março 24, 2008

AUSÊNCIA

AUSÊNCIA


Não estava lá. Ela não estava.
No silêncio, nem sequer
O roçar de asas de pássaro ou de anjo.
Ou uma voz de mulher.
Para jamais.
O ar rarefeito e turvo
Fez as árvores ficarem tontas.
E os olhos se perderam dos pardais.
Porque ela não estava mais.
Era a imobilidade sob cúpulas de cristais
Trincados?
E todos os passos eram negados
E a voz não era necessária, mais.
O corpo se tornara leve
Como se também não estivesse mais,
Em breve.
Mas ainda era apenas ela
Que não estava mais.
Talvez um nome para a dor da ausência
Pudesse ser âncora e amarra
Para o corpo silente, surdo, imóvel, leve demais,
Que, talvez, quase soubesse
Que também não mais queria
Estar mais.
Saudade ainda não bastava
Para explicar o vazio!
Um nome! Um nome para o absurdo irremediável
E seria, talvez, mais suportável
Saber
Que ela não estava mais.


ZSF/ SP-22/07/2004

5 Comments:

Blogger Jorge Lemos said...

Sentidas, as palavras se movem
fazendo aumentar a dor e o poder da distância.

Lindo Zuleika.

5:42 PM  
Blogger Jorge Lemos said...

Sentidas, as palavras se movem
fazendo aumentar a dor e o poder da distância.

Lindo Zuleika.

5:42 PM  
Blogger Udi said...

E a distância no tempo ajuda a aliviar as dores das distâncias físicas, não é?
Um beijo.

9:11 AM  
Blogger Ernesto Dias Jr. said...

Linda imagem, Zuleica. Tudo bonito demais.
Beijos.

2:05 PM  
Blogger Rosangela Mormillo said...

Querida Zuzú,

A presença do concreto, assim como as experiências, são apenas uma parte da vida. Há também o imaginário,o que foi internalizado, o que nos foi doado.
Que bom saber que podemos "ter" sem ver. Quando é possível nos dá alento, nos acalma.
E é por isso que penso que não devemos apagar de nossas mentes a nossa história, mesmo quando esta conter tristezas, pois se não apagaremos também as alegrias e ficaremos sem história.
Beijos , muitos beijos.
A senhora faz parte da minha história e eu tenho muitas lembranças boas guardadas.

Zan

10:13 AM  

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