segunda-feira, fevereiro 11, 2008

EPÍLOGO

EPÍLOGO


(Certo que... Incerto quando...)


Quero morrer
Num momento indeterminado de um dia qualquer.
Que haja lua no céu e estrelas a se namorarem.
Ou que o sol, sobre as calçadas, atire moedas
Por entre as folhas das árvores:
- Só não quero que esteja chovendo!

Quero ouvir gritos de crianças entusiasmadas,
Brigando, brincando, vivendo...
Quero ouvir uma dona de casa feliz,
Cantando um samba.
Quero que em volta de mim não haja fome,
Nem desagasalho;
Não haja guerra, nem rumor de guerra;
Não haja prantos, nem da natureza.
Quero que sobre a vida paire
A promessa de uma continuação harmoniosa
De equilíbrio e paz!

E a minha morte será, apenas,
A fixação de um momento perfeito!


(ZSF/SP-abril/1961)

FIM DE "CADERNO DE POESIAS"

6 Comments:

Blogger Jorge Lemos said...

SEja quando for
que seja tarde
Que o manto calmo e envolvente
resplandeça em luz
que emana sempre do peito amigo
do poeta.

Tal visão me premia.
Parabens Zuleika amiga

11:07 AM  
Anonymous Anônimo said...

É preciso então, que a gente saiba cuidar da vida, pra que sua despedida seja assim, mansa e leve.

Lindíssimo, como sempre!

10:35 PM  
Blogger Suzana said...

Um constante renovar
Um eterno amor no ar
Perfeito
Como a vida

bjs

11:09 PM  
Blogger Udi said...

É o nosso momento da grande iluminação. A maior de todas.

Maravilhoso, Zuleica querida!
beijos

11:02 AM  
Blogger Ernesto Dias Jr. said...

Invejável, poetisa. E não deixo passar em branco que quando escreveu isso tia idade para ser minha filha...
Quem mandou eu não começar antes?

12:49 AM  
Blogger Maria said...

Momento perfeito.
O mais perfeito.
Nesta certeza sempre peço a meus filhos uma unica promessa:
- Brindem com champagne

8:30 AM  

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