EU QUERO UM POEMA
EU QUERO UM POEMA
Eu quero escrever um poema
Para este instante de plenitude.
Determinar palavras e imagens que superem o lugar comum.
Aonde vou procurá-las? Nesta mente tensa?
Nesta sala prosaica que nada diz de novo?
Na música que vem do quarto dos meus filhos?
(Ela fala do prazer dos meus filhos
E é o símbolo de sua presença sob meu teto.
Meus filhos! A quem nunca precisei dedicar um poema!)
Mas não me basta a música.
À minha frente,
Crisântemos amarelos lutam contra a morte. E nada dizem.
Em silêncio, azaléias teimam em multiplicar ternuras lilases
No pequeno vaso.
No grande vaso, ao meu lado, em silêncio também,
Há um tufo de palmeira-anã começando a amarelar.
Será que ela leu meu pensamento
E reconheceu meu embaraço ao desejar-lhe a morte
Porque ela está grande demais para esta sala?
(E não encontro quem a queira!)
Devo escrever um poema ao suicídio da planta?
Perdoe-me, palmeira, mas eu quero um poema para a minha vida!
Silêncio. Nada, fora de mim, responde
Ao meu desejo de escrever um poema.
Será que posso ordenar que nasça um poema
Do meu simples desejo?
E, no entanto, toda a minha energia, agora mesmo,
Exige um poema.
Orgasmo: é o que mais se assemelha ao que sinto agora,
Sem saber porque: e isto é perfeito.
E isto exige um poema.
É um momento em que a morte está vencida: estou viva!
Se nunca mais meu corpo obedecer ao sexo
( Como nunca mais, também, ele conceberá ),
Se meu cérebro não mais aceitar
Dobrar-se aos monumentos da vaidade humana
E minhas mãos se recusarem a continuar tecendo sonhos,
Nada tenho a lamentar.
Cada parte de mim está cumprindo seu tempo sobre a Terra.
Ainda que meus dias sejam HOJE, apenas,
Experimentei a eternidade. Conquistei-a.
Estou feliz – como resultante de todas as minhas tragédias
E de todos os meus desejos satisfeitos.
Isso merece um poema!
Eis aqui meu poema: é um poema
Porque assim eu quero que isto seja!
ZSF/SP-27/10/1981
Eu quero escrever um poema
Para este instante de plenitude.
Determinar palavras e imagens que superem o lugar comum.
Aonde vou procurá-las? Nesta mente tensa?
Nesta sala prosaica que nada diz de novo?
Na música que vem do quarto dos meus filhos?
(Ela fala do prazer dos meus filhos
E é o símbolo de sua presença sob meu teto.
Meus filhos! A quem nunca precisei dedicar um poema!)
Mas não me basta a música.
À minha frente,
Crisântemos amarelos lutam contra a morte. E nada dizem.
Em silêncio, azaléias teimam em multiplicar ternuras lilases
No pequeno vaso.
No grande vaso, ao meu lado, em silêncio também,
Há um tufo de palmeira-anã começando a amarelar.
Será que ela leu meu pensamento
E reconheceu meu embaraço ao desejar-lhe a morte
Porque ela está grande demais para esta sala?
(E não encontro quem a queira!)
Devo escrever um poema ao suicídio da planta?
Perdoe-me, palmeira, mas eu quero um poema para a minha vida!
Silêncio. Nada, fora de mim, responde
Ao meu desejo de escrever um poema.
Será que posso ordenar que nasça um poema
Do meu simples desejo?
E, no entanto, toda a minha energia, agora mesmo,
Exige um poema.
Orgasmo: é o que mais se assemelha ao que sinto agora,
Sem saber porque: e isto é perfeito.
E isto exige um poema.
É um momento em que a morte está vencida: estou viva!
Se nunca mais meu corpo obedecer ao sexo
( Como nunca mais, também, ele conceberá ),
Se meu cérebro não mais aceitar
Dobrar-se aos monumentos da vaidade humana
E minhas mãos se recusarem a continuar tecendo sonhos,
Nada tenho a lamentar.
Cada parte de mim está cumprindo seu tempo sobre a Terra.
Ainda que meus dias sejam HOJE, apenas,
Experimentei a eternidade. Conquistei-a.
Estou feliz – como resultante de todas as minhas tragédias
E de todos os meus desejos satisfeitos.
Isso merece um poema!
Eis aqui meu poema: é um poema
Porque assim eu quero que isto seja!
ZSF/SP-27/10/1981
5 Comments:
É um poema lindo em que te colocas com uma poesia fantástica... Essa vontade...
Perpetuas a vida com tua luz-poeta, concebe sem sexo, conquista o gozo da criação e experimenta a eternidade. Porque assim queres que isto seja, com tua força de poeta.
Que liiiiindo! Tá tudo aí: todos queremos um poema prás nossas vidas, né?
beijo
Se tivesse avisado, eu desligava a música ...
Zuleica querida! Quero botar um link do meu blog pro teu. Permites???
Abraço grande
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