segunda-feira, agosto 28, 2006

AO MEU PAI

AO MEU PAI



Por causa do amor de uma irmã,
Descansaram sobre rosas vermelhas
As mãos de meu pai -
Que teceram meias femininas,
Criaram orquídeas,
Pecaram pequenino,
E que amaram demais.

E essa é a verdade mais terrível
Do que o sonho de pão, de rosas e poesia
Que meu pai viveu.

E hoje me contaram (mas nunca me ocorreu)
Que é o sonho que alimenta
Toda a classe operária a que ele pertenceu.
Toda mesmo? Não sei...
Do pão... meu pai esqueceu...


Mas tudo ficou muito estranho,
Depois que meu pai morreu.


(ZSF/ SP - 08/ 2002)